BEM-VINDOS, TIJOLINHOS!

Vamos construir juntos esse espaço de convivência e troca de figurinhas sobre artesanato, cinema, livros, decoração, filhos, jardinagem, horticultura e tudo mais de bom que possa surgir!


terça-feira, 27 de abril de 2010

Coisinhas que fazem a diferença

Um bom capacho novo pra melhorar o astral quando se entra na casa!


Novas fronhas em percal 150 fios para ter sonhos mais coloridos...

Comer com os olhos o novo conjunto de pratos e xícaras para substituir os detonados e desencontrados... Só faltam os de lanche, comprarei na filial da loja.

Descansos de panelas ou travessas maiores, bons para pizzas...

Tá bom, tá bom, tem muita coisa feia nessa foto, a começar pelas peneiras velhas... Mas minhas novas barras de inox com ganchos têm me ajudado muito deixando o que mais uso bem à mão! Depois conto a saga desta cozinha, o porquê de tanta coisa troncha e invertida, mas aí é um outro post beeeem longo...
Nova capa para a máquina, bem mais resistente para as garras dos meus felinos...


Por fim, não foi compra recente, mas um retorno e um resgate: o pinguim foi presente dado por mim ao meu marido, então namorado na época, quando mudou para seu primeiro apartamento próprio. A patinha foi presente de casamento de uma querida amiga de Salvador, a Tânia. O conjunto (ainda incompleto) de acessórios "country" são do Pão de Açúcar e tenho comprado em doses homeopáticas, sempre que posso, sonhando com a casa no campo onde eles farão maior efeito. Já uso regularmente a leiteirinha e o pote de biscoitos, só aguardando as visitas para inaugurar o bule e o porta-chá. Toda essa exposição só foi possível graças ao retorno da cantoneira, que tinha sido transferida pro quarto da filhota e depois da chegada dos novos móveis voltou a cumprir seu papel de porta-adornos na cozinha.

Gostaram? Um poquitcho do meu lar, doce lar...

Beijossss

segunda-feira, 26 de abril de 2010

É A MÃE!

É, o problema foi mais sério do que parecia... O computador não teve somente a fonte queimada, mas também a placa-mãe foi danificada pelo curto-circuito, aparentemente causado por sujeira e umidade. Maridão explicou que a maçaroca de teias de aranha, pó e tempo úmido causado pela atual estação das chuvas criou uma massa orgânica que se transformou em condutor de eletricidade, gerando o problema que deixou a filhota sem pc no quarto. Sobrou pro do filhote, que ganhou mais uma enxerida se enfurnando em seu espaço de vez em quando...


Já que ainda não estou conseguindo postar as benditas fotos, recorri ao site do fabricante para mostrar algumas de minhas recentes aquisições para o lar: as tábuas seletivas de corte da SanRemo!Para frutas e vegetais
Para aves
Para carnes vermelhas

Engraçadinhas e fáceis de armazenar, elas são mais higiênicas devido ao seu uso restrito. Já aprovadas por aqui! Só falta eu adquirir a de peixe, será para breve...

Ontem fui quituteira ao extremo: preparei os famosos enroladinhos de salsicha para os meninos, e de quebra à noite fiz biscoitos amanteigados e bolo de milho para café da manhã e lanche.

Estou esperando visitas... Querem mesmo que eu engorde?

Beijos

domingo, 25 de abril de 2010

Pechinchas, lembranças e projetos

Sem fotos não dá! Mas é pra saberem que estou na ativa e com novidades... Fiz compras a rodo no final dessa semana e dei uma repaginada na cozinha, uns itens bem em conta, outros nem tanto. Já adquiri lembrancinhas para as mamães que irei presentear e é até bom não mostrar ainda para ser supresa(duas são minhas seguidoras, rs).

Um dos itens novos adquiridos... O antigo já tinha 15 anos, era de plástico, engordurava horrores e a cor já não tinha nada a ver com a cozinha nova.

Vó MC e mamãe, companheiras de forrós, praias e peixadas

Vai fazer um ano que minha vozinha Maria do Carmo se foi, logo depois do dia das mães... A vida segue em frente e convivemos com a saudade de diferentes maneiras: alguns fazem um altar dedicado aos falecidos e põem flores diariamente; outros preferem se mudar, apagar da visão qualquer lembrança que possa despertar uma saudade sofrida. Outros compõem músicas, pintam quadros, escrevem livros que descrevem o quanto aquela pessoa significou, a marca que ela deixou na suas vidas. Eu gosto de arrumar álbuns de fotos, e há muito tenho o projeto de fazer aquelas caixinhas de memórias, em que colocamos objetos e fotos de alguém querido(que se tenha ido ou não)num recipiente com vidro para expô-lo em uma parede. Aí vai uma amostra de uma versão da caixa de memórias, intitulada pela Chris de "caixa dos desejos"... Se houver problema na hora de carregar, copie e cole na barra de pesquisa e procure no "Casa da Chris" a coluna "Faça em Casa".

http://casadachris.uol.com.br/faca_materia.php?id=39

Maridão foi comprar uma fonte nova para o computador de uso geral(estou usando o note dele emprestado) e hj no final do dia já estarei postando as novas fotos, contem com isso!


sexta-feira, 23 de abril de 2010

Tropeços e acertos

O Blogger me levou à loucura ontem... Tinha postado algo imenso e cheio de fotos mostrando os móveis novos e na hora de pôr a última foto, sumiu tudo e só ficou ela, aarrrrrrrrrrgh! Hoje, renovada e tranquila, tentarei de novo.

Começo mostrando a chegada do material, tudo praticamente pronto, só faltando montar:
Foi um sufoco a hora do almoço, pois tivemos que arrastar móveis para liberar a área de montagem, deligar fios de inúmeros equipamentos, varrer e esvaziar estantes para amontoar tudo na sala e pelos cantos da casa. Mas o Teco teimou em se apegar ao passado e não colaborou...


Optamos por iniciar pelo quarto da Ceci, mas como haviam três montadores, todos os quartos ficaram interditados.

da filha


do filho

E o meu

Foi uma luta encaixar certas peças, pois algumas paredes tinham bordas e os espelhos de luz ficaram em locais estratégicos na hora da montagem, precisando ser removidos e cobertos.


Minha pobre cama, soterrada por arquivos e pó de serra...

A galera despejada ficou no videogame e matando a saudade dos livros velhos da escola, outros já não estabam nem aí para o caos instalado...


Tive que me render e preparar a chamada "comfort food"...


O jeito foi devorar por cima dos móveis velhos, na garagem mesmo.



Depois de tês dias de sufoco, arrastando tudo pra lá e pra cá na hora de dormir, em meio aos espirros, posso agora mostrar um "antes e depois" meio capenga...


Quarto da filha antes

Faltando só os puxadores e acabamentos

Fica para a próxima os outros quartos, pois a internet está caindo direito e as fotos não estão conseguindo ser postadas... Espero que dê pra ter uma idéia, a verdade é que está tudo quase lindo, pois quando o móvel novo chega, a parede feia aparece, a porta... Ou seja, é diversão pra toda vida ter uma casa, gente!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Tudo QUASE pronto!

Caríssimas figuras que acompanham o desenrolar de minhas aventuras, o desfecho! Ou quase, pois todo dia se observa novamente o efeito da arrumação e opta-se por algo diferenciado, mas os armários e estantes ficaram prontos, EBA!

Antes: móveis aproveitados do velho escritório, cinzas e largos demais para o espaço.


Ajuste da tomada e saída do cabo da tv, agora por dentro do móvel, trabalho do maridex.

Quarto do filho agora tem bancada mais delgada, compatível com monitor LCD, gavetões com banco e mais espaço nos novos armários para livros e coleçoes de games e revistas. futuramente a tv será de LCD ficando onde hoje está o ventilador.

Como a tv atual é "gordinha", precisou ficar ainda nessa velha mesa de impressora na entrada do quarto, junto com o PS2.

Solução provisória para o roça-roça da cadeira na parede: contact preto. A cadeira será substituída e o contact também, por fórmica. Optamos por aumentar o quarto dele tomando metade um jardim de inverno sem uso, daí a estreiteza do espaço.

A organização não é o forte dela, que fazer? Já entreguei a Deus... do outro lado da mesa há a porta do banheiro dela. Do lado de cá, a porta de entrada do quarto. Toda vez tinha que passar pela mesa-monstro se quisesse ir ao WC, e complicava quando ela estava sentada ao computador...

A foto está ruim (colquei efeito de foco depois) mas dá pra entender o que quis dizer anteriormente. Parece o programa CHEGA DE BAGUNÇA...

Maridex suando pra mudar o ponto das fiações...

Arrumadinho agora, não? Dia de faxineira, hehehe... Sem a velha e enorme mesa do antigo escritório, pode-se circular pelo quarto da filhota sem trombar em quinas no caminho para o banheiro. Ela agora tem um banco/gaveteiro para receber as amigas e guardar sua coleção de mangás. Os criados-mudos foram para o meu quarto.

O "antes" desse depósito nos fundos da casa acabei não fotografando, na agonia de esvaziar o espaço para o marceneiro tirar as medidas e ajustar as prateleiras. Resultado: paredes tortas e muitos cortes nas madeiras pra endireitar a "marmota"!


O depósito ganhou suas prateleiras, mas ainda falta providenciar caixas organizadoras e descartar alguns itens... Tenho que organizar material de pesca, de ginástica, de jardinagem, bacias e cestos para roupa, pregadores, ferragens, ferramentas, tudo de forma a se encaixar entre cavaletes, escada e carrinho de mão. Acho que vou precisar de um HANGAR!

Nossas bicicletas não têm um cantinho delas, ficam no "corredor das redes", a lateral da casa que deveria ser de relax mas que já está cheia de coisa amontoada DE NOVO. Explico: Maridex comprou uns lotes pra fazer "uma casa no campo"... Temos um fogão CONTINENTAL do tempo da solteirice dele, já "quengado", bem como geladeira e freezer CONSUL SLIM cheios de pontos de ferrugem e cor caramelo horrenda, não combinando em nada com a cozinha clara. O objetivo é comprar eletrodomésticos novos para a casa da cidade assim que paredes forem erguidas e portas forem colocadas no chalé campestre, lotando ele com as velharias... Simples, não? Já foi feito o projeto e está quase tudo fechado com o empreiteiro, agora é esperar para quando poderemos dispor de modelos mais econômicos, branquinhos e práticos de fogão e geladeira/freezer. Até lá, muitos dry martinis pra esperar com um sorriso no rosto... O post da cozinha virá, aguardem, pois será uma novela, rsrsrs. Meu quarto não mostro ainda, quero dar um trato decorativo nele ainda!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima...

Sério? Queria um emprego desses... Onde arranjo um mestre marceneiro?

Queridos, estou um caco. Desde sexta, quando o marceneiro supostamente iria apenas deixar o material para as estantes e armários encomendados. Acabou que ele chegou umas onze e pouco da manhã, descarregou praticamente as peças prontas e avisou que voltaria após o almoço para a montagem. Enlouqueci, pois ainda não havia retirado os móveis antigos e desligado a fiarada de computadores, impressora e escambau e os removido para lugar seguro. Falei que a faxineira faltou nesse dia? Pois faltou e a bagunça foi grande, a coluna que o diga. Mais tarde a filha no afã de entrar no msn (não se sabe se devido à sujeira ou umidade no equipamento) queimou a fonte do computador. Graças que temos os reservas e só hoje pude matar as saudades e acompanhar as invencionices das companheiras blogueiras, pois dormimos cansados e desplugados de internet em meio ao pó de serra fininho(aquele que não conseguimos varrer e espanar) por três dias... Hoje finalmente estamos liberados para preencher os novos espaços, que na realidade são do marido e dos filhos. Tudo branquinho e reluzente! Já dei um grau no novo escritório do maridão e levei um pito da filha que queria arrumar as coisinhas dela sem ajuda. O filhote já não encuca se eu dou palpite, graças a Deus!

Precisando de uma dessas urgente... Vou misturar energético na cajuína do maridón!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A busca


Passei por mais um concurso visando funcionalismo público. A tal da segurança, estabilidade. Quando temos vinte anos, podemos jogar conversa fora sobre assuntos assim, tergiversar sobre opções, caminhos a seguir, rumos na vida. No ponto em que estou, ou se engaja ou não se engaja. O tempo urge, a vida clama por definições, metas. Não vivo nenhuma grande crise que necessite uma virada, nada me pressiona. Só minha consciência. Triste pela sensação de poder ter sido muitas coisas, feliz pelo que conquistei, incerta pelo que ainda posso ser. O velho dilema. Fiz minhas opções e hoje tenho a família que sempre quis. Se deixei de fazer coisas que gostava? Sim, mas essas mesmas coisas eram feitas ao sabor do vento, em meio a devaneios, sem grandes compromissos. Tive uma juventude relaxada, não rica mas confortável, e nunca fui ambiciosa, batalhadora. Meus sonhos ainda são modestos e mais observo que ajo, o grande erro. Sei que nem tudo está perdido, que posso correr atrás e entrar de cabeça em qualquer projeto, basta que EU QUEIRA MUITO. Filhos crescidos, marido compreensivo, o que me falta? O pontapé inicial, o compromisso comigo mesma, a coragem de dizer não a muitas coisas, não exatamente aos prazeres do tempo livre, mas aos maus hábitos adquiridos com ele. Tudo isso sem perder a ternura.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Espelho e molduras

Espelhinhos, contas de madeira, verniz vitral e espelho baratinho do EXTRA. Para evitar furar novamente a dura parede que já possuía furos de um antigo quadro pesado, criei esses "ramos" de fio de couro e "folhas" recortadas em juta de uma caixa de chocolates que ganhei de uma amiga. O trabalho maior foi parafusar os suportes no espelho de forma a alinhá-los com os parafusos na parede e deixá-lo na altura desejada. Recheei as "folhas" de juta com mais contas de madeira no formato de flor. Parede nova na sala.


Quarto preto-e-branco, medo de furar paredes, mania de cinema. 16 molduras adquiridas no EXTRA a um bom preço, impressora a postos, paciência e indecisão a respeito das cenas clássicas favoritas... Fim da parede branca, mas fiz somente quatro furos: com fios de nylon amarrei os demais aos quatro primeiros quadrinhos. Romance atual e à moda antiga, acima de uma cabeceira improvisada e com platéia em tons degradê, rs.





sexta-feira, 9 de abril de 2010

Da dificuldade em lidar com o luto II


Quando eu tinha quatro anos, minha mãe me levou para um velório nas vizinhanças de casa, quando morávamos no bairro São Gerardo. Um garotinho de dois anos havia sido atropelado por um caminhão. Hoje imagino que talvez minha mãe quisesse me mostrar desde cedo que a morte fazia parte da vida, mas eu, em nenhum momento depois dessa experiência, cogitei em proporcionar algo semelhante a um filho que porventura tivesse. Era muita dor, para todo lado. Desespero da mãe, que se agarrava ao pai. A imagem do menininho, com os algodõezinhos nos ouvidos e nariz, foi demais pra mim. Chorei muito, e se serviu pra alguma coisa, foi pra morrer de medo de caminhões e me manter à distância deles. Eu não tinha idade para dar pêsames a ninguém na época, e hoje, adulta, tenho desconforto e angústia magistrais quando surge ocasião para tal.

Já casada e com um filho de pouco mais de um ano, que frequentava creche, era de praxe que convivesse com outras mães e pais de crianças da mesma idade. Como a creche pertencia ao trabalho do marido, normal que alguém desse grupo fosse colega de trabalho dele. Assim foi com Ronildo Pimentel. Pernambucano, magro e piadista, estava sempre presente nos almoços e encontros com a turma antes mesmo de meu casamento, por conta dos Light Bikers. Pedalar era a grande onda no final de 80/início dos 90 em Fortaleza. Imensos grupos se reuniam e saíam em rotas pré definidas à noite, com batedores e carros de apoio, garantindo a segurança dos ciclistas e o desepero dos motoristas. Dependendo do dia, levava-se vários minutos até que o grupo inteiro liberasse um cruzamento importante de ruas. Ronildo não ficou só nessa de passeios noturnos. Partiu para trajetos mais longos e chegou a ir a Recife, sozinho, com a mochilinha e a coragem. Com um amigo, fez sociedade numa loja de peças e acessórios para bicicletas. Ele e a esposa, Dira, tinham três filhos homens e adotaram uma menininha, Tatiana. Eles, bem morenos, ela, ruiva e branquinha, seis meses mais velha que Daniel. A festa de um ano da Tati foi na Casa de José de Alencar, todos muito felizes, pois ela foi muito desejada pela família. Certo dia, Ronildo saiu com um amigo para pedalar pelos lados do Cambeba. O amigo deu pela falta dele em certo trecho do percurso e retornou. Encontrou-o caído no chão, tendo convulsões. Di me comunicou que ele estava em coma e ficamos no aguardo de notícias. Nunca se soube exatamente o que aconteceu, o que teria levado à queda. O restante da família veio de Recife para dar suporte emocional a Dira e aos meninos enquanto rezavam pela recuperação de Ronildo. Tinha ido visitá-la dias depois, e a casa estava cheia, todos ansiosos pois o quadro havia piorado. Pouco depois alguém liga do hospital e fala com ela, que dá a notícia do falecimento do marido aos filhos: "Painho se foi". A mãe dele, uma senhora de aspecto frágil, precisou ser amparada e o clima ficou daquele jeito, com o filho mais velho esmurrando as paredes e Dira, rígida, aguentando calada. Me senti uma intrusa, sem condição de ajudar em nada, sem saber o que dizer e saí sorrateiramente, até porque era hora de apanhar Daniel na creche. Fui até a classe de Tatiana e fiquei observando a menininha brincar, eu em prantos, quando a professora me perguntou sobre o estado do pai e comuniquei o ocorrido. Eu podia ter me oferecido para apanhá-la, ficar com ela enquanto o pior passava, mas não tive iniciativa, tato, para tanto. Quando são nossos parentes, não temos tanta preocupação com as palavras, pois todos conhecem nossas idiossincrasias e podemos dar um longo abraço e não dizer nada. A muito custo fui para a missa de corpo presente e morri de vergonha ao encontrar Dira:"Você fugiu...", disse ela, tentando parecer descontraída. Os meninos já estavam mais tranquilos e sorriam. Muitos colegas de trabalho, amigos, emocionados. Quando a vida é tomada de repente, ninguém consegue entender. Principalmente se é uma pessoa jovem, com tanta coisa a viver. Crianças, nem se fala.

A morte de minhas avós foi triste, mas quando se trata de idosos, acaba-se aceitando melhor, pois viveram longamente e aproveitaram tudo que foi possível. Vó Maria Carvalho estava avoadinha, com Alzheimer, e já tinha tido um derrame que a limitou em sua locomoção, além de problemas de pressão e diabetes. Quando a crise veio, foi rápido. Nos últimos tempos, só perguntava pelo marido, falecido há muito tempo. Ela era linha dura e achei que não sentiria tanto. Estava lindinha no caixão, usando uma blusa branca com detalhes em renda que eu mesma já pegara emprestada algumas vezes. No enterro, desmoronei. Estava posicionada ao longe, mas no final fui para perto de minha mãe e a abracei. Com a vó Maria do Carmo foi mais chocante pelo fato do dia anterior termos comemorado o dia das mães aqui em casa, ela de cadeira de rodas por causa da bacia quebrada em uma queda que havia sofrido no Rio de Janeiro, na teimosia em tentar montar o sofá-cama na casa da sobrinha. Estava bem-humorada e até tomou um gole de cerveja. Neste dia fiz uma torta de morangos e comprei vasinhos de crisântemos coloridos para todas as mães(cunhadas) e avós. Foi uma tarde feliz. No dia seguinte de madrugada, a notícia, dada pela Flavinha. Infarto fulminante. Soube depois que o vestido que ela usava, o mesmo do dia das mães, foi cortado de cima a baixo nas costas, na pressa dos médicos em tentar reanimá-la. Ela não tive coragem de ver depois, fiquei nos bastidores. Senti bastante, pois ela era uma força da natureza, sempre cheia de energia e bom humor, uma guerreira sempre com muitas histórias para contar.

O último capítulo dessa saga foi bem doloroso por não poder dar conforto à distância à família do marido, que não deixa de ser minha... Muitos elementos tornaram a perda mais sofrida: a pouca idade, a violência do acidente, a nova vida que Elvira estava começando. O que dizer aos pais numa situação dessas? Como consolar? Pelo telefone tudo parece ser tão frio e ensaiado, que fico até sem voz, sem ar. Nessas horas o toque, o calor humano é primordial. Palavras são apenas folhas ao vento quando se está quebrado por dentro.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Da dificuldade em lidar com o luto


Aos onze anos eu perdi meu avô paterno. Era um homem sério e circunspecto. Trabalhador, construiu um bom patrimônio para a esposa e os sete filhos. Quando eu nasci(a quarta neta), ele fez pra mim uma linda poesia: "Estrelinha". Nos comunicávamos através da lousa que ficava na parede da sala, trocando versinhos esporadicamente. Lembro de ter entrado um dia no quarto de meus avós e surpreendido meu avô de ceroulas, aquelas bem compridas, de antigamente. Não éramos de beijos, abraços e carinhos. Um dia ele se sentiu mal, andou até a Policlínica(uns quatro quarteirões), fez exames e se internou, sozinho. Só depois comunicou à família. Na noite deste dia os filhos conversavam sobre o revezamento no acompanhamento ao pai para a cirurgia de coração que ele faria. Não deu tempo, ele morreu de infarto na manhã do dia seguinte. Tinha oitenta e um anos. No velório, muita gente e muitas lágrimas de minha avó. Minha tia veio de Brasília para o funeral. Meu avô sempre dizia que não queria ser velado/enterrado de paletó, mas coberto com um lençol branco. E assim foi. Lembro que não chorei, até fiz força, achando que devia. Lembro que peguei no pé dele no caixão, por sobre o lençol, como havia visto minha avó fazer. Duro e frio. Tinha medo depois de vê-lo em qualquer lugar escuro, até dentro da lata de nescau... Tirando o temor do sobrenatural, a morte dele não me abalou tanto.

Aos vinte e um anos, perdi uma tia querida. Branquinha, sorridente e bem-humorada, me levou muito ao cinema e ao clube, com o restante da primaiada piveta. Casou e teve uma filha. Separou. Formou-se em Psicologia. Juntou e teve outra filha. Depois de constantes crises de enxaqueca e inúmeros exames de todo tipo, ela descobriu ter um aneurisma, do tamanho de uma bola de pingue-pongue. Conversou com todos sobre o assunto e as possibilidades, brincou sobre "última refeição" e fez preparativos legais(escritura da casa, bens das filhas etc). Lembro da conversa que ela teve com minha mãe(eu do lado, sem saber como inserir qualquer comentário ao ouvir ela falar no diagnóstico do médico). Desde aquele momento tive pressentimentos ruins, achei a idéia de uma cirurgia no cérebro algo por demais aterrador. Ela ficou cinco dias em coma e não voltou. Tinha trinta e seis anos. Na casa de minha avó a rotina do velório incluía choro e risos. Sentíamos fome e comíamos, inclusive minha mãe preparou um caldo "de bebo" que reanimou muita gente. Pessoas chegavam, mais choro, lembranças, risadinhas culpadas e chás com calmantes para minha avó. "Estou azeda de tanto chá!" ela disse já zangada, de tanto que ofereciam a ela. Lembro que a abracei muito, apertado. Não quis ver o corpo de minha tia. Sentava em frente ao caixão, cumprimentava todo mundo mas não quis ver, não queria essa lembrança pois sabia que me aterrorizaria no futuro e eu queria lembrar do sorriso de lindos dentes, da gargalhada, da torta de sardinha que só ela sabia fazer. Minha tia de Brasília ao ver o corpo da irmã ficou cinza, literalmente. Os olhos dela diziam tudo. Virei a noite no velório. Meu irmão que morava lá e dormia no quarto em frente à sala pediu que eu fosse dormir no quarto com ele, que estava impressionado e tinha medo de ficar só. Acabei tendo um pesadelo medonho e acordei aos gritos, apavorando a todos que estavam na sala junto ao caixão. Meu irmão? Roncava tranquilamente, enquanto eu saía do quarto aos tropeções, chorando. Me agarrei com todos e não quis mais saber de dormir. Dia amanhecendo, outra visão de uma mente transtornada: por cima do telhado da casa, julguei ver uma mulher de branco, cabelos ao vento, acenando pra mim. Paralisada, pedi a uma prima que fosse em meu socorro e olhasse na mesma direção que eu. Era um coqueiro balançando com a brisa... Vovó não quis ir ao cemitério. Por lá, meu pai fazia piada sobre como a pá do coveiro era afiada. Foi uma perda real, eu gostava dela e tivemos uma boa convivência.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Encontros e despedidas

Antiga estação central de trem. Acima lê-se "THERESINA".

Na semana santa viajamos para Teresina, capital do nordeste que não conhecia ainda. Fazia tempo que não viajávamos num feriado, pois não gostamos de encarar concorrência nas estradas... Mas a escolha foi correta, porque como Teresina não tem mar, a tendência dos moradores de lá foi sair da cidade no período, o que comprovamos pela fila extensa de veículos no sentido contrário. Nossa pista estava praticamente vazia, parecia que estávamos naquele filme IMPACTO PROFUNDO, quando a protagonista seguia para encontrar o pai, ignorando a multidão aflita que fugia na direção oposta à tsunami que se aproximava.

Além de ACADEMIA, rolaram QUEST e IMAGEM & AÇÃO. Reparem a janela fechada respingada...

Felizmente não rolou tsunami, mas as noites em Teresina foram chuvosas, algumas bem extremas, com direito a relâmpagos e trovões impressionantes. Deu pra sentir um friozinho, alguns até xales usaram pra se aquecer! Motivo para boas rodadas de jogos de tabuleiro acompanhadas de vinho e queijos...

Ponte metálica que liga Teresina ao Maranhão

Fomos maravilhosamente recebidos pelo cunhado e cunhada, que nos levaram a divertidos city-tours pela cidade, que é intensamente arborizada, banhada por dois rios e muito, muito limpa. De dia o calor é comparável ao de Fortaleza, nada tão terrível como se apregoa.

Monumento ao "Cabeça de Cuia", a lenda mais famosa, boa pra contar pras criancinhas antes de dormir... (tadinhas, contem não!)

Debaixo dos viadutos e pontes há intenso comércio de flores, transformando esses espaços normalmente sujos e relegados aos sem-teto em recantos atraentes, cheios de cor e vida.

A ponte estaiada impressiona...

A cidade foi planejada, é jovem e agora tem um marco, um ícone pra ninguém negar: a ponte estaiada Mestre João Isidoro França, uma estrutura impactante que trouxe um ar futurista à capital piauiense. Há um mirante de 95 metros no centro que infelizmente não tivemos a chance de conhecer, mas ficou agendado para a próxima vez. O retorno ao lar foi mais movimentado, pois atrasamos a saída e pegamos o trânsito de final de feriadão. Os últimos sessenta quilômetros foram lentos e cansativos, com toda a ansiedade de chegar, pois tínhamos o niver da sobrinha e da avó, que acabamos indo "naquele estado", sem passar em casa pra tomar banho nem nada, pois já estava muito tarde e o stress estava grande. Beijamos as aniversariantes, tiramos fotos, beliscamos alguns salgadinhos e "pegamos o beco", preocupados com nossos gatinhos e loucos pra pôr roupas limpas e esticar as pernas nos sofás... Graças que a casa estava em ordem e nossos mascotes também.

Elvira, muitas saudades...

O dia seguinte foi de tristeza com uma notícia inesperada: um acidente automobilístico tirou a vida de uma sobrinha do marido, que havia recentemente mudado para São Paulo. Com apenas 27 anos, ela faleceu juntamente com os sogros num acidente no interior do estado, após o choque com uma carreta tombada na estrada chuvosa à noite. A família toda está abalada e buscando forças para lidar com a situação de perda. Que a fé em Deus possa confortar os pais e irmãos de Elvira, e nos alivie a todos da saudade que ela deixa.