sábado, 19 de dezembro de 2009
O som do coração
Esta semana foi marcante. Me reencontrei com sentimentos esquecidos, como a fé no romantismo. Confesso, eu estava conformada com minha vidinha, as limitações de cada um e aprendi a conter meus devaneios em relação aos sonhos açucarados da adolescência. Descarregava minhas lágrimas em filmes manipuladores de emoções(quem viu O ESPELHO TEM DUAS FACES?) e me sentia feliz por existir o cinema e não mais culpava a pretensa insensibilidade do marido. Considerava uma causa perdida, coisa da criação dele. Ou mesmo falta de merecimento da minha parte (Madonna não mandou dizer aos caras o que nós queremos deles?). Enfim... Aniversário de casamento, não uma data fechada (esperava pompa e circunstância aos 15 anos de casada e não rolou). Estava sem muitas espectativas, sabia que compraria o novo livro do Dan Brown e sairíamos para jantar. Eis que acordo meio estremunhada(umas sete da manhã), sem noção de nada, dou um beijinho, vou ao banheiro, depois volto pra cama, morrendo de sono. O maridão diz que tem que sair pra pagar uma conta, vencida há dias. Acredito piamente e fecho os olhos. Depois que o barulho do motor foi diminuindo, os neurônios começaram a se agitar. "Meu Deus, tem coisa aí! E não comprei o presente na véspera!" Angustiada com a possibilidade de ficar devendo, me arrumei de imediato e saí, imaginando encontrar o livro nas Americanas. Só que era muito cedo, estava fechada. Tentei uma banca próxima. Não aceitava cartão. Passei na padaria, comprei pão, o bolo de milho que ele gosta e presunto. Ao voltar, nada do carro dele. Pensei que podia escapar de novo e pegar dinheiro para o livro. Aí ele surge com o ramalhete mais lindo que já recebi na vida. Delicado, único. Só conheço os lírios, juncos e galhos de pinheiro, mas algumas flores desconheço. Extasiada, fico sem graça e só o que faço é suspirar e sorrir abobada. Ele mostra que também havia comprado pão e bolo, na mesma padaria! Depois parece que vai voltar ao computador e eu começo a botar a mesa para o café. Começa a chover forte. Mesa posta, preparo a máquina para uma foto ilustrativa. Então de repente irrompe sala adentro, de fraque e rabo-de-cavalo, um jovem violinista tocando o tema do filme "EM ALGUM LUGAR DO PASSADO" , cuja trilha sonora embalou minha entrada na igreja, há dezessete anos. O susto foi tão grande que cheguei a balbuciar "Ai, meu Deus do céu!" quando o rapaz, Sidarta, adentrou pela sala. Fiquei embevecida e estática, encostada na parede. Diorgens já filmava tudo: Sidarta, eu com cara de boba e os meninos misteriosamente acordados às oito da manhã (férias), descabelados e também perplexos. Foram quatro músicas: Somewhere in Time, Eu sei que vou te amar, My Way e o parabéns a você, que soou como uma marcha nupcial. Nem preciso dizer que chorei e fiquei envergonhada pela minha falha e falta de fé. Não tinha palavras, foi um gesto que me comoveu e que jamais nessa vida hei de esquecer. Como cantava Tim Maia: não quero dinheiro, quero amor sincero. Só queria na vida alguém que me conhecesse de verdade. Eu devia saber, nunca deveria ter deixado de acreditar. É preciso ter fé e confiança em quem somos, no nosso poder de transformar e mover montanhas. Viver, acima de tudo, sem amarguras. E ter a certeza de um futuro melhor, com um sorriso no rosto.
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2 comentários:
Ai, Ed, q coisa mais linda, mulher! Eu até me imaginei na sua cena...fico muito feliz por ti, pq vc merece. Sempre se dedicou a sua família! E receber todo esse carinho, essa demonstração maravilhosa de amor só deve te dar mais sentimento de q tudo está valendo a pena...q coisa mais linda! Não me canso de dizer!
Parabéns aos dois, digo aos 4!
Beijão
Valeu, mulher! Ainda fico me beliscando, rsrsrs.
Beijos!
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