Tudo por uma boa causa! Pelos filhos, então, nem se fala. Para meu primogênito, especificamente. Vou contar desde o princípio:
Há pouco, por ocasião de um check-up que há tempos ele não fazia (rapazes, cuidem-se!), foi detectado um pequeno nódulo na tireóide. Todos os profissionais, sejam do laboratório de análises clínicas, clínico geral, endocrinologista, cardiologista e o cirurgião em si mostraram-se surpresos dessa ocorrência pela idade do meu filho (20 anos) e ainda mais admirados por ter sido descoberto logo, ressalto, por um acaso de uma certa lista. Explico:
Antigamente, aos 20 a pessoa já era considerada adulta. Rememorando meu passado, ainda morava com minha mãe e dava meus tropeços na vida... Fazia faculdade e cuidava de meus assuntos pessoais como médicos, munida do caderninho do plano de saúde pago por meus pais e a carteirinha. Pegava ônibus, mesmo já tendo carteira de motorista, pois não se tinha o luxo de mais de um carro na família. Não tinha essa de ficarem me monitorando como hoje fazemos com os filhos por conta do caos que está o mundo lá fora. Pois bem, voltando ao presente, me toquei que toda a atenção no quesito saúde era relegada à filhota adolescente por conta dos famigerados ovários policísticos e do aparelho ortodôntico. Daniel com acne leve nunca dispensou maiores cuidados e por ele, que nunca se queixa de nada, nem teríamos ido atrás do hemograma completo... Disse para ele fazer uma listinha de algum incômodo que porventura ele tivesse para conversar com o médico, no caso, médica. Como não sabia até onde a preguiça normal de adolescente poderia ir, perguntei a ele se costumava cochilar em sala de aula e ele comentou que "às vezes..." Falei então para ele escrever na lista o item "sonolência". Pois foi esse pequeno detalhe que levou a médica a pedir um ultrassom da tireóide, o que detectou o nódulo. Ela então solicitou a biópsia e foi diagnosticado o carcinoma papilífero. Ficamos apreensivos e minha mãe, que tinha passado por isso recentemente, tratou de imediatamente marcar com o cirurgião dela. Enfim, o pior já passou (a cirurgia, com sua espera interminável, e o pós operatório, com as trocas de curativos).

Foi prescrita uma dieta pobre em iodo em função da cintilografia a ser feita um mês depois, e para tanto, foi encomendado o sal sem iodo na farmácia de manipulação mais próxima. Começou aí meu maior desafio culinário até então: criar pratos atraentes e saborosos sem alimentos industrializados (99% têm sal iodado), sem leite integral, só o desnatado em pó reconstituído, por ter menos sódio. Não tive muito sucesso, admito, especialmente com a parte de panificação... Não consegui reproduzir nenhum tipo de pão idêntico aos tradicionais em aparência, por não poder usar a gema de ovo, rica em iodo. Para substituir, usei a farinha de linhaça hidratada, mas não ficou a mesma coisa... Se fosse alguém fazendo pra mim, além do reconhecimento pelo trabalho e iniciativa, eu ia curtir uma alimentação mais natureba. Não digo aqui que ele tenha reclamado alguma vez, pelo contrário! Era eu que exigia de mim a capacidade de elaborar um cardápio saudável e convidativo. Especialmente por ter que preparar diariamente suas marmitinhas para levar para a faculdade. Sou chata com mesmice, adoro novidades e quis que ele tivesse refeições bem variadas...

Esse foi um pão integral de microondas que achei bem interessante. Só rende uma fatia grossa, mas achei bem prático para comer de manhãzinha e é bem rápido o preparo e o tempo de cocção. É feito com aveia também, e a textura fica fofinha! Filhão não curtiu muito a pasta de abacate, então só deu pra mim: acabei fazendo dieta também.
Algumas receitas bem sucedidas acabei não fotografando, no caso da lasanha de vegetais. Incrível como berinjela e abobrinha em fatias finas e longas junto com um bom molho fresco conseguem saciar o paladar estilo fast-food do Daniel. Ele jurava que tinha algum queijo na massa, mesmo sabendo que não podia comer laticínios...
Vou contar, foi trabalhoso preparar sempre tudo fresquinho... Acostumada com congelados e outros truques semi-prontos para agilizar a vida, vivi uma maratona de picar vegetais para temperar tudo.
Nada de molho pronto, nada de catchup, só tomate sem pele, orégano, azeite, pimenta, cebola, alho, pimentão, curry, açafrão, noz moscada, cominho, ervas finas, cheiro-verde, salsa...
O molho sempre ficava meio pálido, e eu imaginava quanto corante as indústrias colocam nessas caixinhas e vidros... Um dia tive a ideia de colocar um pouco de beterraba ralada pra tingir o molho. Tem que controlar direitinho a quantidade pra não ficar pink demais! Ah, outra receita aprovada foram as batatas chips de forno: basta pré-cozer um pouquinho, com casca e tudo, depois fatiar bem fininho, pôr na assadeira untada com azeite, salpicar ervas emais azeite e assar. Ficam irresistíveis!
Outra coisa que entrou para ficar aqui em casa foi o macarrão integral, mil vezes mais saboroso que o tradicional. Comprei o trigo de kibe para a receitinha abaixo:
Aí foi antes de ir ao forno: kibe de peixe de forno! Como Daniel só podia comer peixe de água doce fiz com tilápia. Leva raspas de laranja e limão, castanha picada, cebola, coentro, azeite... Não fez muito sucesso, acho eu, por precisar de mais alho e uma boa dose de leite de coco para aromatizar. Também levou gengibre ralado, só que acabei esquecendo das folhinhas de hortelã... Terminou que transformei a receita em outra depois, com as sobras: uma torta de atum! Só que não autorizada para o filho, pois acrescentei ovos.

Pra mostrar meu lado novidadeira, me rendi aos programas de culinária e comprei esses itens para inventar nesse fim de semana. Sou nordestina e como cuscuz desde pequena, só que o de milho e o de tapioca. De tanto ouvir falar e ver os gringos preparando "couscous", que é feito de sêmola de trigo, resolvi testar pra saber se "voga" por aqui. Se depender do preço, ficamos com os tradicionais, mas vamos esperar pra provar e avaliar, depois conto! Ah, e não sou baiana mas adoro uma pimenta e comprei essa de caiena que ainda não havia experimentado. Já testei e é forte, a bichinha... Por fim, pra fazer bonito comprei esse sal grosso que já vem na embalagem-moedor, um charme! Adoro o barulhinho...
Muita informação nesse retorno? Breve tudo vai ficar mais leve e regular, rs.
Desejo a todas um excelente fim de semana, muita paz, luz e amor!
Edlena